Tenho absoluta certeza de que você conhece isso de cifragem harmônica alfanumérica. Entendendo estrutura de acordes e sua representação, você consegue tocar qualquer instrumento harmônico.
Se você nunca viu, pelo menos alguma vez já deu uma passada de olhos em um caderno de música, ou em alguma música com as posições nesses sites que contém músicas “tiradas” pra se tocar de tudo “marromenos“.
Então, se você não sabe o que estou falando, agora vai entender tudinho! Só ficar comigo aqui nesse post!
As notas e os acordes
Você sabe que notas são uma coisa e acordes são outra. Se quiser saber mais sobre as diferenças, leia esse meu post AQUI sobre o que são notas e o que são acordes.
As representações dos acordes com a cifragem alfanumérica são representações abstratas que pressupõem certo conhecimento.
Você pode saber “de cor” o que significa B7 em harmonia, por exemplo. E esse saber “de cor” não implica em você entender o que é o sinal “B” agrupado do sinal “7” colocado à seguir.
Você vai lá, monta o acorde “B7” e toca a sua música. Você, aí, decorou a posição que “B7” indica, vai no violão e toca.
Isso está certo ou está errado? Nem certo nem errado!
Creio apenas que seja de grande valia o músico saber do que se trata esse tipo de notação ou cifragem harmônica alfanumérica, ou seja, a estrutura do acorde.
Vamos explicar.
Notas musicais
As notas musicais são 7 em seu total: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si.
Estas mesmas notas podem ser alteradas todas em meio tom acima usando o símbolo “#” (sustenido) ou meio tom abaixo usando o símbolo “b” (bemol), assim:
– Subindo meio tom:
Dó#, Ré#, Mi#, Fá#, Sol#, Lá# e Si#
– Descendo meio tom:
Dó b, Ré b, Mi b, Fá b, Sol b, Lá b e Si b.
Ocorre que, como acorde não é nota, sua representação em caracteres ou letras é feita de maneira diferenciada.
Correspondência entre notas e acordes
Nota Dó — Acorde de Dó maior ou C
Nota Ré — Acorde de Ré maior ou D
Nota Mi — Acorde de Mi maior ou E
Nota Fá — Acorde de Fá maior ou F
Nota Sol — Acorde de Sol maior ou G
Nota Lá — Acorde de Lá maior ou A
Nota Si — Acorde de Si maior ou B
Obs. Essa correspondência serve apenas para sabermos que há uma relação entre notas e acordes mas que são elementos diferenciados em música, ainda que se relacionem como veremos à seguir.
Os acordes também podem, como nas notas, sofrer o aumento de meio tom para cima ou para baixo. Sendo assim, ao aumentarmos de meio tom para cima ficam assim:
C#, D#, E#, F#, G#, A#, B#
Diminuindo de meio tom para baixo, ficam assim:
Cb, Db, Eb, Fb, Gb, Ab, Bb
Obs. Aos mais “sabidos”, importante lembrar que, sim, existem acordes Cb e Fb ou E# e B#, mas esse assunto não é para esse post, ok? 🙂
Representação de notas e acordes
Quando falamos em notas devemos escrever o nome da nota, ou seja, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si ou Dó.
Quando nos referimos a acordes devemos escrever o símbolo alfanumérico correspondente, ou seja, C, D, E, F, G, A, B.
Ao falarmos sobre um acorde, devemos dizer, por extenso “acorde de Dó maior”, ou, “acorde de Lá maior”, ou, “acorde de Si menor” e assim sucessivamente.
Os acordes, como vimos sua representação até aqui, são todos maiores. Para representá-los basta colocar a letra maiúscula correspondente ao acorde.
Se desejamos representar um acorde menor, aí então precisamos associar aos caracteres de A a G um caractere “m” (“eme” minúsculo).
Então, para representar os acordes menores temos:
Dó menor – Cm
Ré menor – Dm
Mi menor – Em
Fá menor – Fm
Sol menor – Gm
Lá menor – Am
Si menor – Bm
Resumindo até agora, temos o conhecimento das notações alfanuméricas dos acordes maiores e menores. Mas até agora não utilizamos a parte “numérica” ainda. É quando surge a opção de colocarmos a nota que é a 7ª. A estrutura de acordes, assim, fica mais complexa.
A 7ª do acorde
Toda nota, ao ser inserida na montagem de uma representação alfanumérica de um acorde, sempre representa sua distância em relação à nota fundamental do acorde.
Sendo assim, a 7ª é a nota que faz um intervalo de 7ª com a nota fundamental do acorde (fundamental, por exemplo, é a nota Dó no acorde de C ou Cm, ou a nota Ré no acorde de D ou Dm, ou a nota Fá# no acorde de F# ou F#m e assim sucessivamente).
Este intervalo (no caso, o de 7ª) pode ser maior ou menor (ou seja, representado por “7” ou “7M”), dependendo da sua relação com a nota que forma o acorde.
Independente das relações harmônicas mais avançadas, o que mais nos importa aqui e agora é saber como representar uma estrutura de acordes com essa 7ª, seja ela maior ou menor.
Nomenclatura da 7a.
Quando a 7ª for menor, usa-se não dizer “sétima menor”, ainda que não esteja errado se dissermos. Quando a 7ª for maior (7M) é necessário que se diga “7ª maior”.
À seguir alguns exemplos de acordes com 7ª maior ou 7ª menor:
– C7 (diz-se Dó maior com sétima) ou C7M (diz-se Dó maior com sétima maior)
– Tal denominação é válida para todas as estruturas de acorde já vistas, sejam os acordes maiores ou menores, inclusive os com acidentes musicais # ou b.
– Sendo assim, até agora, podemos ter acordes como:
. C#m7, ou, Dó sustenido menor com a 7ª;
. F#m7M, ou, Fá sustenido menor com a 7ª maior;
. G#7, ou, Sol sustenido maior com a 7ª;
. D#7M, ou, Ré sustenido maior com a 7ª maior;
. Abm7, ou, Lá bemol menor com a 7ª;
. Bbm7M, ou, Si bemol menor com a 7ª maior;
. Eb7, ou, Mi bemol maior com a 7ª;
. Db7M, ou, Ré bemol maior com a 7ª maior.
Estes são alguns exemplos possíveis de como se diz o acorde, à partir da cifragem harmônica alfanumérica.
Indicação de outras notas na estrutura de acordes
Ocorre, entretanto, que os acordes muitas vezes possuem outras notas de dentro da escala e/ou mesmo notas de fora da escala. São notas de tensão e que são inseridas dentro de parenteses após a definição do bloco principal do acorde, que vai exatamente até a definição da 7ª (quando o acorde possuir 7ª).
Tais notas adicionadas à estrutura de acordes podem ser:
– a 5ª (para efeito de ênfase da presença da nota dentro do acorde, uma vez que, à princípio, a 5ª sempre vem no acorde), a 4ª, 6ª, a 9ª, a 11ª ou a 13ª, sendo que todas estas notas ainda podem ser incluídas em suas versões com acidentes musicais, ou seja:
– 4, #4, 5, b5, #5, b6, 6, b9, 9, 11, #11, b13, 13
Diz-se:
4 – Quarta justa
#4 – Quarta aumentada
5 – Quinta justa
b5 – Quinta diminuta
#5 – Quinta aumentada
b6 – Sexta menor
6 – Sexta (maior)
b9 – Nona menor
9 – Nona
11 – Décima primeira
#11 – Décima primeira aumentada
b13 – Décima terceira menor
13 – Décima terceira
Inversões
Temos ainda a possibilidade de inversões na estrutura de acordes. Se você não sabe o que são inversões de acordes, veja meu post sobre isso clicando Aqui.
Quando invertemos um acorde, podemos colocar no baixo a 3ª, a 5ª ou a 7ª do acorde. Essas são as únicas maneiras de uma inversão ocorrer.
Sendo assim, ao invertermos um acorde, por exemplo, de Dm7, colocando no baixo a sua 5ª justa (ou seja, a 5ª sem ser “aumentada” ou “diminuta”, por isso chamamos de “justa”), temos um acorde de Dm7 com a nota Lá no baixo.
Isso é escrito da seguinte forma: Dm7/A
E é falado assim: “Ré menor com a 7ª com baixo em Lá”.
Utilizamos uma barra inclinada para definir a função do baixo do acorde. Nesse caso, o sinal “A” vem representando a 5ª justa, ou seja, representando uma nota e não um acorde.
É importante frisar isto pois é um caso específico de utilização do símbolo de representação de acordes para indicação do baixo em um acorde.
Essa é uma convenção, afinal estamos lidando em verdade com a representação de um acorde na sua segunda inversão (baixo na 5ª), então podemos considerar apropriada a utilização da notação alfanumérica para indicar a nota de baixo do acorde, considerando a estrutura de acordes como temos estudado.
Estrutura de acordes em inversões
– Dó maior na 1ª inversão : C/E
– Si menor com a 7ª menor na 2ª inversão: Bm7/D
– Lá sustenido maior com a 7ª e a 9ª menor, na 3ª inversão: A#7(b9)/G#
Obs. Perceber que, neste caso específico do acorde A#7(b9)/G, inclui-se o algarismo 7 antes da barra inclinada para indicar que existe a 7ª do acorde e também usa-se o G# após a barra para mostrar que essa nota (a 7ª do acorde) deverá estar presente no baixo.
Casos especiais
Temos ocasiões em que algumas notas como as 9ªs são adicionadas ou suspensas.
Quando adicionadas elas simplesmente são incluídas na estrutura de acordes (add9) e quando são suspensas elas substituem a 3ª do acorde. Nesses casos, usa-se a indicação (sus9).
Por exemplo:
C (add9) – Dó maior com a 9ª adicionada
F (sus9) – Fá maior com a 9ª suspensa
Alguns ítens como a supressão de notas importantes do acorde podem ocorrer mas são muito raros. Como por exemplo, a omissão de 3ª: C (omm3)
ou a omissão de 5ª: G(omm5)
Importante ressaltar por fim que essencialmente os acordes já vem formados pelas notas Fundamental + Terça + Quinta, portanto quando colocamos um símbolo alfanumérico estamos incluíndo estas três notas, à princípio.
Por exemplo:
O acorde D deverá possuir Ré + Fá# + Lá
ou,
O acorde Bm deverá possuir Si + Ré + Fá#
E assim sucessivamente…
Os diagramas das cifras
Você deve ter percebido que aqui não tratamos dos diagramas desenhados das cifras, que são aqueles bracinhos de violão estilizados, representando as posições dos acordes no braço do violão.
Aqui estamos abordando tão somente a parte da cifragem harmônica alfanumérica da representação dos acordes, desde a mais simples e básica representação à mais complexa.
É importante você ter a consciência que a representação harmônica alfanumérica não é totalmente precisa pois não indica exatamente as notas presentes em cada acorde.
Um acorde de C (Dó maior) pode ser montado de diversas maneiras no violão (o C tem pelo menos 5 possibilidades!), entretanto a sua representação alfanumérica é pura e simplesmente C. Cabe ao músico escolher qual destes acordes soará melhor com a sequência harmônica escolhida, ou seja, a sequência de acordes que antecedeu e sucederá o acorde.
Veja 6 maneiras de montar um acorde de Dó maior (C) nesse link abaixo:
https://youtu.be/bFbutyGM6yY
Dúvidas?
Você tem dúvidas? Certamente! Tire suas dúvidas comigo, mande um email AQUI ou comente abaixo no campo de comentários que eu te responderei o mais rápido possível!
Um abraço,
Fabio Campos