Acordes maiores ou menores

Afinal de contas, o que são esses tais acordes maiores ou menores? Porque existem e de onde surgem?

Ocorre que em música, as coisas são criadas pela prática para depois serem sistematizadas, entendidas como funcionam e começaram a ser realizadas.

E assim foi com esses tipos de acordes, os maiores e os menores.

Acontece que, há milênios atrás, a música era feita à partir de cantos, que poderiam servir para ajudar na caça de um animal, transmitindo energia coletiva/grupal para que a coragem se manifestasse e transmutasse, de canto em força e garra para a captura e caça de uma presa.

Ou mesmo a música era utilizada, já quando o homem se sedentarizou e fixou à terra, deixando de ser nômade, para as épocas de plantio de vegetais e sua colheita. Ou mesmo na limpeza e aragem das terras. Era o surgimento dos chamados “cantos de trabalho”.

Daí surgiram diversos cantos e melodias que foram se impregnando e fixando na mente e na sensibilidade de gerações e gerações de famílias que formavam povos, e que formaram, por assim dizer, as culturas de cada região. Assim firmaram-se nacionalidades e nações, através dessas manifestações artísticas que, muitas vezes, surgiam misturadas (música + teatro + pintura + desenho…).

Hoje podemos saber, devido aos conhecimentos da física e da matemática, por instrumentos de precisão, que cada nota tocada possui uma sequência de notas que soam acima e que vão sendo emitidas de maneira sutil, todas formadas à partir da nota original. É a chamada Série Harmônica.

Harmonia, acordes e tríades

Há quem atribua a esta sequência sutil de notas da Série Harmônica, a criação do campo teórico da música chamado “Harmonia”.

Nessa “harmonia”, podemos notar a existência de acordes acompanhando os cantos e melodias e, dentro destes acordes tocados, percebermos os intervalos específicos dentro de grupos de notas simultaneamente tocadas determinantes de seu caráter.

Os acordes possuem algumas regrinhas, são formados por superposições de tríades e notas agregadas contendo tensões.

Calma, que vou explicar tudo tintim por tintim…

As tríades são intervalos musicais entre notas intercaladas em uma escala musical. Como assim?

Uma escala musical é uma sequência de notas que intuitivamente o ser humano cantou – no decorrer de milênios – e que fixou suas relações e “espaços” intervalares. Interessante frisar que muitas dessas notas e seus intervalos estão presentes na natureza, exatamente na Série Harmônica, em maior ou menor precisão com o que temos hoje como “afinação”. Vamos lá.

Aos poucos, as notas musicais foram sendo nomeadas, sendo elas:
– Dó | Ré | Mi | Fá | Sol | Lá | Si

Obs.: Essa sequência acima, por exemplo, é a escala de Dó maior.

Não estou aqui incluindo ou citando ainda os chamados “acidentes musicais” que são os chamados sustenidos (#) e bemóis (b). Fixemos que, no caso da escala de Dó maior não existem “acidentes musicais”.

Vamos dar um exemplo com o acorde de Dó maior. Ele é formado por duas tríades superpostas e tem como base a nota Dó.

A próxima nota do acorde de Dó maior corresponde a nota que “pula” a nota seguinte (Ré), ou seja, é a nota Mi.

|Ré | Mi | Fá | Sol | Lá | Si

De Dó a Mi, temos a primeira tríade. A segunda tríade é formada exatamente à partir da nota Mi, ou seja, pulamos a nota Fá e seguimos até a nota Sol.

|Ré | Mi | | Sol | Lá | Si

Temos, assim, o acorde de Dó maior, formado por Dó + Mi + Sol

Alguns acordes possuem sua primeira terça maior, ou seja, tem uma distância maior entre a nota fundamental do acorde (no caso acima, o Dó) e a terça do acorde (no caso acima, o Mi) que outros que possuem tal distância “menor”. Aos que possuem a terça maior, chamamos de acordes maiores. Aos últimos chamamos de acordes menores.

Vamos exemplificar para facilitar o seu entendimento.

Escalas maiores e menores

Se seguimos a sequência de uma escala de Dó maior, vamos perceber as seguintes notas:

1- Dó
2- Ré
3- Mi
4- Fá
5- Sol
6-Lá
7- Si
8-Dó (de novo, mais aguda, chamada, por isso, de “uma oitava” acima)

Quando temos uma escala de Dó menor, teremos algumas notas diferentes da escala de Dó maior:

1- Dó
2- Ré
3- Mi b
4- Fá
5- Sol
6- Lá b
7- Si b
8- Dó (de novo, uma oitava acima)

Quando colocamos o símbolo “b”, isto significa que estamos abaixando em meio tom a nota (lembra do “acidente musical?). Logo, no caso dessa escala de Dó menor, temos a 3ª, a 6ª e a 7ª nota alteradas em meio tom para baixo.

No caso de um acorde de Dó maior, ele se compõe de três notas intervaladas entre si por uma das notas da escala.

Então, recapitulando, Dó maior se compõe das notas Dó + Mi + Sol, ou seja, pulamos as notas Ré e Fá e tocamos apenas as notas Dó, Mi e Sol.

Para um acorde menor, fazemos o mesmo, entretanto reduzimos em meio tom a nota que é a terça do acorde (que, no caso, coincide com a nota número 3 da escala, a nota Mi).

Sendo assim, para um acorde de Dó menor tocamos as notas Dó + Mi b + Sol, ou seja, pulamos as notas Ré e Fá da escala de Dó menor.

Podemos continuar a construir acordes dentro da escala para perceber que, dentro da escala, independentemente de ser uma escala maior ou menor, existem acordes maiores ou menores.

Por exemplo, se montarmos um acorde na escala de Dó maior, à partir da nota Ré (que é a 2ª nota da escala de Dó maior), teremos um acorde menor. Ré + Fá + Lá formam um acorde de Ré menor.

Aí vem a pergunta: Mas por que isso ocorre?

Bem, para isso temos de definir o espaço intervalar entre uma nota e outra, de maneira a “padronizar” e compreender porque um acorde é maior ou menor…

Estrutura de um acorde e a distância entre as notas

Para isso, continuarei a usar a escala de Dó maior para explicar. Veja os espaços de uma nota a outra abaixo:

Dó a Ré= 1 tom
Ré a Mi= 1 tom
Mi a Fá= 1/2 tom
Fá a Sol= 1 tom
Sol a Lá= 1 tom
Lá a Si= 1 tom
Si a Dó= 1/2 tom

Pensando de novo o acorde de Dó maior, podemos perceber que o intervalo da primeira terça (de Dó a Mi) é equivalente a 2 tons (Dó a Ré + Ré a Mi = 2 tons). Como um acorde possui pelo menos duas terças superpostas, então fazemos nova terça à partir da nota que, nesse exemplo, é a terça da tonalidade e também a do acorde, a nota Mi.

Então, como o novo intervalo de terça superposto à primeira terça (Dó – Mi) é o intervalo Mi – Sol, percebemos que ele possui a distância de 1 tom e meio.

Nesse acorde de Dó maior temos então que a primeira terça (a que “nomeia” o acorde enquanto sendo maior ou menor) é a chamada terça maior.

E a segunda terça, criada à partir da nota Mi, é uma terça menor.

Essa convencionou-se chamar de estrutura de um acorde maior:
– Primeira terça maior + segunda terça menor.

Em um acorde menor, há a inversão destas terças, ou, o primeiro intervalo passa a ser o menor e o segundo intervalo passa a ser o maior:
– Primeira terça menor + segunda terça maior.

Como é o primeiro intervalo do acorde que determina essa característica do acorde, o acorde é chamado de menor.

Vamos exemplificar com o acorde de Lá menor. Por diversas razões que não vou detalhar aqui e agora, as notas da escala de Lá menor são as mesmas notas da escala de Dó maior, sendo que a diferença é que começam pela nota Lá.

Então a escala de Lá é assim:

1- Lá
2- Si
3- Dó
4- Ré
5- Mi
6- Fá
7- Sol
8- Lá (de novo, uma oitava acima)

À partir daí, agora já sabendo que os intervalos também são os mesmos de nota para nota podemos montar o acorde menor de Lá.
Lá a Si = 1 tom
Si a Dó = 1/2 tom
Dó a Ré = 1 tom
Ré a Mi = 1 tom
Mi a Fá = 1/2 tom
Fá a Sol = 1 tom
Sol a Lá = 1 tom

Temos então a formação do acorde de Lá menor conforme indicado abaixo:
Lá a Dó = 1 tom e meio (primeira terça do acorde)
Dó a Mi = 2 tons (segunda terça do acorde)

Logo, o acorde de Lá menor é formado pelas notas Lá + Dó + Mi.

Sabemos agora, como é a estrutura de um acorde maior e a estrutura de um acorde menor e sua diferença principal, que reside na terça do acorde.

Generalizando para acordes maiores ou menores

Importante frisar que, nos exemplos dados, a terça do acorde coincidia com a terça da tonalidade. Isso por um motivo muito simples: os acordes usados nos exemplos são os exatos acordes cujas notas fundamentais iniciam-se pelas notas iniciais das escalas das tonalidades.

Simplificando:
– Tom de Dó maior, acorde de Dó maior;
– Tom de Dó menor, acorde de Dó menor;
– Tom de Lá menor, acorde de Lá menor.

Acontece que, como já falei antes, podem ocorrer acordes menores em tonalidades maiores e vice-versa.

Se, na escala de Dó maior, montarmos o acorde à partir da segunda nota da escala, a nota Ré, teremos o acorde de Ré menor formado por Ré + Fá + Lá, onde Ré a Fá = 1 tom e meio e Fá a Lá = 2 tons;

Se o acorde for montado à partir de Mi, também será um acorde menor, ou seja, Mi menor: Mi a Sol = 1 tom e meio e Sol a Si = 2 tons;

O único acorde que “foge” dessa estrutura é o último acorde da escala maior, construído à partir da 7ª nota da escala.

Por exemplo, se montarmos sobre a 7ª nota da escala de Dó maior, ou seja, a nota Si, teremos
Si a Ré = 1 tom e meio
Ré a Fá = 1 tom e meio.

São assim, dois intervalos de 1 tom e meio que formam o chamado acorde Diminuto, no caso um acorde de nome “Si diminuto”.

Reconhecendo acordes maiores ou menores (exercício)

Para o reconhecimento imediato de acordes maiores ou menores, então, concluímos que faz-se necessária a avaliação da terça do acorde.

Sendo assim, quais sequências de notas podemos afirmar que são pertencentes a acordes maiores ou menores?

  • Dó – Mi – Sol (M ou m)
  • Ré – Fá – Lá (M ou m)
  • Mi – Sol – Si (M ou m)
  • Fá – Lá – Dó (M ou m)
  • Sol – Si – Ré (M ou m)
  • Lá – Dó – Mi (M ou m)
  • Dó# – Mi – Sol# (M ou m)
  • Réb – Fá – Láb (M ou m)
  • Mib – Sol – Sib (M ou m)
  • Fá# – Lá – Dó# (M ou m)

Obs. Faça o exercício e me mande email que lhe enviarei o gabarito com as respostas sobre os acordes maiores ou menores.

Existe uma representação visual gráfica para os acordes e esta representação eu explico em outro post que você poderá ler Aqui.

Espero que com esta explicação você possa ter compreendido a existência e aprendido a perceber as diferenças dos acordes maiores ou menores. Qualquer dúvida, não hesite em me mandar um Email preenchendo o formulário abaixo, que eu te responderei.

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Um abraço,

Fabio Campos